Pesquisadores do INCT Nano Agro na Universidade Estadual de Londrina (UEL) estão utilizando nanotecnologia para potencializar o desenvolvimento de plantas em condições adversas, como a seca. A pesquisa, coordenada pelo professor Halley Caixeta, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal, envolve cerca de 25 pesquisadores e conta com a participação de profissionais da Agronomia.
O estudo busca entender os benefícios da aplicação de nanopartículas contendo óxido nítrico nas plantas. O óxido nítrico é uma molécula sinalizadora que regula o crescimento vegetal e aumenta a resistência a fatores ambientais desfavoráveis, como calor intenso, déficit hídrico e ataques de pragas.
Pesquisas apontam benefícios da nanotecnologia no cultivo agrícola
Entre os experimentos conduzidos pelo grupo, um dos estudos realizados pela pesquisadora Beatriz de Souza avalia os impactos da aplicação do óxido nítrico em sementes de trigo. Os testes foram conduzidos em um ambiente que simulava a seca, e os resultados indicaram que as sementes tratadas apresentaram maior taxa de germinação e desenvolvimento inicial mais robusto, favorecendo o cultivo mesmo em condições climáticas adversas.
Além dos experimentos em laboratório, os pesquisadores também estão testando a tecnologia em campo. Um dos projetos em andamento envolve a aplicação do óxido nítrico em mudas de Embaúba do Brejo, uma árvore nativa da Mata Atlântica, como parte de um estudo de reflorestamento. Os primeiros resultados apontam que as plantas tratadas apresentam maior resistência à seca e um crescimento mais acelerado, mesmo sob restrição hídrica.
Outras pesquisas estão explorando os efeitos do óxido nítrico em diferentes culturas, como cedro e tomate, além de investigar seu impacto nos microrganismos do solo.
Aplicação comercial e avanços na formulação
A tecnologia desenvolvida pelo grupo já resultou em duas patentes relacionadas à aplicação do óxido nítrico no tratamento de sementes e mudas. A equipe agora trabalha para viabilizar o uso comercial da inovação, visando beneficiar o setor agrícola com uma solução sustentável para o cultivo em condições climáticas desafiadoras.
A professora Amedea Seabra, da Universidade Federal do ABC, colabora no escalonamento da formulação da nanopartícula, buscando aumentar sua estabilidade e concentração do princípio ativo. Com isso, os pesquisadores esperam otimizar a aplicação da tecnologia e torná-la ainda mais acessível para uso em larga escala.
Com potencial para contribuir significativamente no enfrentamento da crise ambiental, os avanços do projeto demonstram que a nanotecnologia pode ser uma ferramenta essencial para garantir a produtividade agrícola e a preservação de ecossistemas.
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