Os pesquisadores do Laboratório de Ecofisiologia Vegetal (LEFIV), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), coordenado pelo professor Halley Caixeta foram destaque no 10th Plant Nitric Oxide International Meeting, encontro mundial no tema do óxido nítrico (NO) aplicado à fisiologia vegetal.
Ao todo, foram seis trabalhos apresentados, oralmente ou em formato de pôster. Entre eles, estavam os trabalhos dos cientistas Talita Amador e João Pedro Chacon, ambos voltados para a promoção da sustentabilidade e produtividade na agricultura.
Os resultados dos pesquisadores chamam a atenção: nos testes feitos em campo, as tecnologias que usaram o NO no tratamento de sementes mais que dobraram a produtividade da soja e aumentaram a velocidade de emergência das plantas de milho (IVE) em quase 30%, além de potencializarem a fotossíntese e o desenvolvimento de ambas as culturas.
Vamos conhecer as pesquisas a seguir.
130% de ganho em produtividade na cultura da soja
O trabalho da pesquisadora Talita Amador envolveu o uso de nanopartículas de quitosana liberadoras de óxido nítrico (NO) no tratamento de sementes de soja.
Primeiro, os testes ocorreram em laboratório, em condições controladas, para avaliar diferentes doses e identificar os melhores resultados no crescimento inicial das plantas.
As sementes tratadas com NO nas melhores dosagens apresentaram emergência mais rápida, plantas mais altas, maior vigor e massa, além de raízes e parte aérea mais desenvolvidas — sinais claros de um início de ciclo mais saudável.
Quando a pesquisa avançou para o campo, os benefícios se mantiveram: as plantas tratadas acumularam mais matéria seca, tinham maior área foliar e, consequentemente, maior capacidade de captar energia solar.
O resultado mais expressivo veio na colheita: na área sem tratamento, a produtividade foi de cerca de 1.200 quilos por hectare. Já nas sementes tratadas com óxido nítrico, a produção saltou para 2.800 quilos por hectare — um aumento equivalente a 130% em relação ao controle.
Principais resultados:
- Maior vigor e massa de plântulas no desenvolvimento inicial.
- Mais matéria seca acumulada e maior área foliar nas plantas adultas.
- Produtividade: +130% em relação ao controle (de 1.200 para 2.800 kg/ha).

Mais vitalidade na emergência do milho
Na pesquisa com a cultura do milho, desenvolvida pelo pesquisador João Pedro Chacon, o óxido nítrico (NO) foi usado por meio do seed priming, uma técnica que gera um “start” na germinação, para que as sementes se desenvolvam melhor no plantio.
Os experimentos foram conduzidos em campo na Fazenda Escola da UEL (FAZESC), utilizando doses diferentes doses da formulação com nanopartículas de quitosana contendo óxido nítrico (NP GSNO). A dose que apresentou melhor desempenho se destacou por aumentar a força inicial de crescimento: o índice de velocidade de emergência (IVE) cresceu em 27%.
Esse ganho no início do ciclo é fundamental, pois aumenta as chances de a planta se desenvolver de forma homogênea, suportar melhor condições adversas e aproveitar mais eficientemente luz, água e nutrientes.
Além disso, as plantas apresentaram raízes mais desenvolvidas, maior área foliar e parâmetros fisiológicos superiores, como maior teor de clorofila e condutância estomática, indicando mais eficiência na fotossíntese e maior potencial de crescimento.
Principais resultados dos experimentos na cultura do milho:
- Índice de velocidade de emergência (IVE): +27,43%
- Porcentagem de emergência: +17,17%
- Comprimento da parte aérea: +27,13%
- Comprimento de raiz: +17,69%
- Massa seca da parte aérea: +29,49%
- Índice de área foliar (IAF): +27,27%
- Condutância estomática (gs): +88,74%
- Teor de clorofilas totais: +17,62%

Os trabalhos mostram que o óxido nítrico é uma alternativa promissora para tornar as plantas mais resistentes a condições adversas e aumentar a produtividade. A utilização da nanotecnologia como mecanismos de liberação da molécula potencializa ainda mais os resultados no desenvolvimento vegetal.
Os demais trabalhos apresentados pelos Laboratório de Ecofisiologia Vegetal no 10th Plant Nitric Oxide International Meeting também mostram resultados promissores no campo do reflorestamento, preparando mudas e sementes para que sejam mais resistentes aos fatores ambientais, como a seca.
Pesquisas como essas aproximam a inovação científica das demandas da sociedade, abrindo caminho para soluções mais eficientes e sustentáveis, tanto na agricultura brasileira quanto no setor ambiental.







