Cientistas desenvolvem solução nanotecnológica que estimula a fotossíntese e acelera o crescimento das plantas

A tecnologia é baseada no uso de nanomateriais de carbono obtidos a partir de resíduos orgânicos como dejetos da suinocultura, vinhaça da produção de etanol, resíduos da indústria da gelatina (colágeno de couro bovino), esgoto doméstico tratado e até água residual da lavagem de defensivos agrícolas.

 

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com o aumento da população global, que deve atingir 9,8 bilhões até 2050, a produção de alimentos deve ser ampliada em 70% para garantir a segurança alimentar em nível mundial. A demanda por um aumento na produção de alimentos, especialmente os derivados da dinâmica agrícola, contrasta, no entanto, com a necessidade de preservação de áreas florestais e a restauração ecológica de ambientes degradados, fazendo com que se torne necessário obter uma maior produtividade dentro dos espaços já utilizados para cultivo e para pecuária.  

Cientes sobre esse cenário, cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), desenvolveram uma solução de aplicação foliar que estimula a fotossíntese e acelera o crescimento das plantas, promovendo um aumento significativo da massa vegetal. A tecnologia é baseada no uso de nanomateriais de carbono obtidos a partir de fontes renováveis, mais especificamente resíduos orgânicos gerados como subprodutos de diferentes cadeias produtivas. Entre as matérias-primas já utilizadas estão: dejetos da suinocultura, vinhaça da produção de etanol, resíduos da indústria da gelatina (colágeno de couro bovino), esgoto doméstico tratado e até água residual da lavagem de defensivos agrícolas.

Batizada como Nanocarbono 480, a criação possui propriedades ópticas específicas e, ao ser aplicada nas folhas, atua na absorção da radiação ultravioleta e na conversão dela em radiação azul, que é altamente aproveitável pelas plantas durante a fotossíntese. De acordo com o Prof. Dr. Ailton Terezo, pesquisador membro do INCT NanoAgro, as aplicações possíveis do NanoCarbono 480 envolvem tanto a produção de grãos quanto para a recuperação de áreas de pastagem degradadas.

“A solução já foi testada em casa de vegetação para culturas estratégicas, como a soja, o algodão e a braquiária. Nesta última, o ganho de massa seca total representa aumento significativo de folhagem no pasto, em que áreas que hoje comportam até 2 cabeças de gado por hectare poderiam comportar até 3 animais”, explica.

Conforme ressalta o pesquisador, a tecnologia já foi testada em diferentes cultivos, apresentando resultados promissores em cada um deles. Na soja, o ganho de massa seca total foi superior a 40,6% em relação ao grupo controle sem tratamento. Na braquiária, o aumento na massa da parte aérea foi de 56%, o que pode significar um salto de produtividade animal. No algodão, o crescimento da massa vegetal ultrapassou 176%, indicando forte potencial em culturas de alto valor comercial.

A tecnologia está patenteada e disponível para parcerias com empresas interessadas em implementar soluções inovadoras para o agronegócio. Saiba mais em: https://inctnanoagro.com.br/nanocarbono-480-estimula-a-fotossintese-e-acelera-o-crescimento-das-plantas/

 

Mais sobre o INCT NanoAgro

Criado com o objetivo de qualificar e congregar recursos humanos de alto nível de diferentes áreas para promover avanços na fronteira do conhecimento em nanotecnologia para Agricultura Sustentável, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) faz uso de componentes da biodiversidade brasileira e de suas interações ecológicas para desenvolver sistemas integrados para o controle de pragas e doenças, nutrição e estímulo de crescimento vegetal, de forma a aumentar a produtividade agrícola sem desconsiderar a segurança ambiental e da saúde humana, criando um protagonismo do país no cenário mundial.

 

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