
A Bnano, que tem Estefânia Campos como cofundadora e responsável por projetos de P&D e gestão de pessoas, possibilita uma ampliação de mais de 14% nas colheitas e conta com o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável
Dono do posto de cereal mais produzido no Brasil, o milho está entre os principais produtos agrícolas do país no cenário internacional, destacando o mercado brasileiro em terceira colocação dentro do ranking de produtores, com um market share mundial de mais de 10%. A cadeia produtiva do cereal, no entanto, tem demonstrado preocupação com os resultados apresentados ao longo dos últimos dois anos. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total de milho na safra 2023/2024 foi estimada em 115,72 milhões de toneladas, representando uma queda de 12,3% em relação à safra anterior, o que contraria a expectativa de avanço para que o Brasil conquistasse novas colocações no ranking mundial de produtores. A redução produtiva tem sido atribuída por especialistas a condições climáticas adversas, como chuvas irregulares e altas temperaturas, que afetam o desenvolvimento das lavouras em diversas regiões produtoras do país.
De olho na preocupação dos produtores com o futuro dos milharais brasileiros, os empreendedores e cientistas Estefania Campos, Anderson Pereira e Jhones Oliveira desenvolveram uma solução nanoestimulante capaz de potencializar o crescimento de plantas de milho, a ser disponibilizada para o mercado através da atuação da startup Bnano. A solução, baseada em uma tecnologia inovadora de encapsulamento de ingredientes ativos, estimula o crescimento das plantas e potencializa a produtividade. Aplicada no tratamento de sementes e na pulverização foliar, permite ao produtor obter um lucro de cerca de 2 mil reais por hectare.
Além disso, testes realizados em campo demonstram que os nanoestimulantes da startup ampliam a produção em cerca de 26 sacas por hectare. Com experimentações in loco, na região de Sorocaba, a solução da Bnano atribuiu também vitalidade às plantas, o que impacta em uma consequente maior resistência, e a ampliação de mais de 14% na produtividade das lavouras.
Reconhecida pelo seu potencial de impacto no setor agro, a Bnano foi uma das três startups premiadas pela Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS (WBA), durante a mais recente cúpula do grupo. A premiação integra o Women’s Startups Contest, voltado a destacar soluções inovadoras nos setores de agricultura e segurança alimentar, lideradas por mulheres dos países membros. A conquista teve como destaque a atuação de Estefânia Campos, que reforça o protagonismo feminino na ciência e no empreendedorismo.

A história da Bnano
Criada em 2022 com a missão de transformar o manejo agrícola por meio da nanotecnologia, a Bnano se configura enquanto uma startup spin-off do Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da UNESP de Sorocaba e conta com a parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), órgão cujo objetivo está em qualificar e congregar recursos humanos de alto nível de diferentes áreas para promover avanços na fronteira do conhecimento em nanotecnologia para Agricultura Sustentável.
A história da empresa também reflete o percurso acadêmico de sua cofundadora, Estefânia Campos. Durante sua formação na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Estefânia desenvolveu pesquisas voltadas à nanotecnologia aplicada ao meio ambiente e à agricultura, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Essa trajetória, construída ao longo de diferentes fases — da iniciação científica ao doutorado — consolidou os conhecimentos que viriam a fundamentar o trabalho desenvolvido hoje na Bnano.
O vínculo com a Fundação também se estende à própria startup. A Bnano foi contemplada com apoio da FAPESP por meio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), instrumento essencial para o desenvolvimento e validação dos nanoestimulantes e demais tecnologias embarcadas nos produtos da empresa. Esse suporte permitiu à startup realizar ensaios em ambiente controlado e de campo, garantindo bases científicas robustas para sua entrada no mercado.
Além da inovação para potencializar as lavouras de milho, a Bnano também possui outras patentes referentes ao desenvolvimento de sistemas de liberação sustentada de ingredientes ativos, com estruturas de nano(bio)pesticidas, nanoestimulantes e microencapsulação para biocontrole e bioestimulação. As tecnologias criadas pela startup respondem a diferentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), ao possibilitar o desenvolvimento de alimentos sem resíduos, a menor exposição de agricultores e consumidores aos chamados agrotóxicos, o aumento de produtividade e resiliência climática, a redução de impactos no solo, na microbiota e nos polinizadores, dentre outros benefícios.
Para conhecer e contatar a startup, basta acessar o site: https://bnano.com.br/tecnologias/.







